No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
— Ai! que preguiça! …
Mário Raul Morais de Andrade, conhecido apenas como Mário de Andrade, foi um poeta que nasceu em 9 de outubro de 1893. Escritor modernista, crítico literário, musicólogo, folclorista e ativista cultural brasileiro, Mário nasceu em São Paulo em uma família humilde, com dois irmãos.
Desde cedo, o poeta mostrou grande inclinação para as artes, principalmente na literatura. Estudou piano no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 1917, no mesmo em que seu pai, Dr. Carlos Augusto de Andrade, morreu.
Nesse mesmo ano, com apenas 24 anos, Mário publicou seu primeiro livro, “Há uma Gota de Sangue em cada Poema”. Já em 1922, no ano da Semana de Arte Moderna (que ajudou a organizar), publicou a obra Paulicéia Desvairada e tornou-se Catedrático de História da Música, também no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Apesar da ascendência negra, de pele escura e feições africanas, Mário de Andrade procurou exaltar a cultura do brasileiro primitivo, o de antes da chegada dos portugueses. Estudioso do folclore, da etnografia e da cultura brasileira, em 1928, ele publicou o romance Macunaíma, uma de sua obras-primas na literatura brasileira.
Essa obra foi desenvolvida através de seus anos de pesquisa a qual reúne inúmeras lendas e mitos indígenas da história do “herói sem nenhum caráter”. Além de Macunaíma, o poeta realizou diversas pesquisas sobre festas populares, lendas, ritmos e canções que lhe renderam um rico conteúdo e embasaram obras como Clã do Jabuti e Ensaio sobre a Música Brasileira.
Aos 51 anos morreu, em 25 de fevereiro de 1945, depois de muitos anos de saúde frágil. Mário morreu em São Paulo, vítima de um ataque cardíaco. “Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.”
Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.
Mário de Andrade